SOBRE NADA E TUDO

SOBRE NADA E TUDO

Nada real é perfeito, sob todos os ângulos,

Realmente perfeito é nada...

Ainda que se queira o ideal impossível,

No afã de se afirmar a suposta lógica de tudo,

Ou na tentativa insólita de explicar o inefável,

Ou de reconstruir sonhos partidos,

Sempre haverá espaço para a cogitação,

Para a dúvida, para a dádiva ou para a dívida...

E, por isso mesmo, tudo se reparte em hipóteses,

Devaneios e versões sobre os mistérios da vida,

Escrevendo textos roubados da mente etérea do espaço,

Enquanto as ilusões de "perfeição" vagam sem lógica...

Crescemos com tantos padrões que nos esquecemos de nós,

Vemos tantas imagens projetadas em telas no reino dos rótulos

Que estranhamente nos tornamos súditos de aparências,

Servos de clichês propagados em mídias tecnológicas

Como "verdades" sobre vida e morte, sobre azar e sorte,

Sobre tudo e nada...

Mas quem nos dera apenas uma fagulha humana de simplicidade,

Uma visão mais ampla da alma,

Um sorriso sincero de felicidade,

Sobretudo aquele que efetivamente acalma

O tempo e a mente, como um sonho mudo,

Uma fagulha de paz que se vai na estrada

De todo pensamento, emoção ou ideia,

Sobre dor e dúvida que a vida brada,

Sobre nada e tudo ou, mesmo inversamente,

Sobre o tempo escrito entre tudo e nada.

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