SONETO - I
Ao ver-te o porte altivo e solene,
Que lembra os velhos tipos de escultura,
Vem à lembrança a olímpica figura
Da nobre e inabalável e fria Athene...
Ao perceber, porém, a chama infrene
Procedente da tua formosura
Que, misto de volúpia e candura,
De deslumbramento é fonte perene,
Hesita-se, e não há quem dizer ouse
Que humana flama anima teu semblante,
Ou que, deusa, fizeram-te do bronze...
Eu, por essa inconstância dura e fátua,
Sinto o ardor de teu peito palpitante
Na tua fleuma mórbida de estátua!