SONETO - I

Ao ver-te o porte altivo e solene,

Que lembra os velhos tipos de escultura,

Vem à lembrança a olímpica figura

Da nobre e inabalável e fria Athene...

Ao perceber, porém, a chama infrene

Procedente da tua formosura

Que, misto de volúpia e candura,

De deslumbramento é fonte perene,

Hesita-se, e não há quem dizer ouse

Que humana flama anima teu semblante,

Ou que, deusa, fizeram-te do bronze...

Eu, por essa inconstância dura e fátua,

Sinto o ardor de teu peito palpitante

Na tua fleuma mórbida de estátua!

B S Pereira
Enviado por B S Pereira em 10/07/2005
Código do texto: T32758