Conselho para raposas (e pessoas)

Conselho para raposas (e pessoas)

Os poetas, minha cara raposa, são a desgraça do mundo!

São a desgraça mais engraçada que já existiu na face da existência.

Andarilhos sem rumo nem chão que se agarram às palavras.

Aranhas que as juntam com suas teias de tinta, e logo pulam

para outra, e outra, e outra. A outra teia, a da vida é a única que termina.

Minha cara raposa, afaste-se dos poetas. Eles te cativam e saem logo a pular por outros mundos.

Dizem que isso é necessário para sobreviver como poetas, que é o destino e coisa e tal.

Coisa e tal, tal como dizem as coisas mais emocionantes, lindas, fascinantes.

Os poetas são cegos, e como cegos, são surdos, e como surdos, mudos.

Tateiam a escuridão total do mundo, arrancam as mais belas flores, mas não tem sensibilidade nenhuma.

A sensibilidade do poeta é tão grande que ele escreve sobre o verme, a flor, a rosa, o mundo, o tudo e o nada, o alfa e o ômega...e mata a todos

em um verso torto.

A sensibilidade do poeta é tão pobre que ele só se dá conta disso quando a mão da vida estapeia-lhe a cara.

Minha cara raposa, vá para sua toca, corra, viva, seja cativada e ame, mas fuja dos poetas.

Se não puder fugir de jeito nenhum dos poetas nem desistir deles, torne-se um e acompanhe sua viagem sem rumo, sentido e direção, minha cara raposa. Os poetas de verdade não são os dos versos, são os da vida. Fuja de todos, seja uma boa raposa.

Dija Darkdija
Enviado por Dija Darkdija em 14/10/2011
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