Podre
Não consigo ordenar minhas idéias
E não sou boa em nada do que faço
Eu tenho o meu próprio fracasso
Espelhado em tudo o que escrevo
E digo isso tudo sem nenhum medo
Sou medíocre, pois tento enganar
Aqueles que pouco conhecem da arte
Vendo palavras sem nexo
De tão vazias e sem verdade
Como um abutre a rondar a carniça
Vejo meu próprio corpo se decompor
E como tal, oportunista
Me deleito de minha podridão
Por este ser o último prazer
Que em vida me sobrou
O sono custa a chegar
É sinal de futura morte
Quando os olhos se tornam negros
E no rosto as crateras do crânio
Se evidenciam abaixo dos óculos
É a carne apodrecendo
É a morte gerando a vida
Do verme que vem às vísceras corroendo