TEMPO ESGOTADO
E a alma vaga pelos labirintos dos dias
Tentando desenredar-se das teias do fado,
Aranha que tece o presente com fios do passado.
Cirros-estratos turvam a paisagem futura.
Os fios vindouros não se divisam.
Nem as arapucas...
E a vida pode acabar a qualquer tempo.
A porcelana que trinca,
O leite que se derrama na fervura,
A água que excede a borda do copo.
Tempo esgotado.
Vida que perde o sopro
E que a si mesmo sopra
E vira pó.
Há os que se derrotam,
Os que escapam de sua sombra,
Os que hesitam,
Os que fiam suas mesmices...
Neles, a esperança é madrasta,
Maltrata, malaxa.
Renunciar (-se),
Largar vontades e planos e sonhos,
Despir a camuflagem de luta,
Vestir a negra mortalha...
Largar a vida
E bater em retirada.
Um ser fugidio num episódio fugaz.
Sento-me e escuto-me (-te),
Pergunto-me (-te):
Pra que serve uma adaga fora do peito?
Tempo esgotado.
"Pra que serve uma adaga fora do peito?", indagação no conto "Os objetos", de Lygia F. Telles.
E a alma vaga pelos labirintos dos dias
Tentando desenredar-se das teias do fado,
Aranha que tece o presente com fios do passado.
Cirros-estratos turvam a paisagem futura.
Os fios vindouros não se divisam.
Nem as arapucas...
E a vida pode acabar a qualquer tempo.
A porcelana que trinca,
O leite que se derrama na fervura,
A água que excede a borda do copo.
Tempo esgotado.
Vida que perde o sopro
E que a si mesmo sopra
E vira pó.
Há os que se derrotam,
Os que escapam de sua sombra,
Os que hesitam,
Os que fiam suas mesmices...
Neles, a esperança é madrasta,
Maltrata, malaxa.
Renunciar (-se),
Largar vontades e planos e sonhos,
Despir a camuflagem de luta,
Vestir a negra mortalha...
Largar a vida
E bater em retirada.
Um ser fugidio num episódio fugaz.
Sento-me e escuto-me (-te),
Pergunto-me (-te):
Pra que serve uma adaga fora do peito?
Tempo esgotado.
"Pra que serve uma adaga fora do peito?", indagação no conto "Os objetos", de Lygia F. Telles.