VOLTA PRA MIM
Longe vai meu pensamento
procurando por você, perdida visagem.
Sopra a brisa, corre o vento,
vem-me à lembrança tua imagem.
Ah como me lembro de ti, daqueles beijos!
Como era gostoso o teu abraço!
Saciava nos teus lábios meu desejo,
eu, prisioneiro espontâneo do teu laço.
E fico aqui olhando a linha do horizonte
com o meu olhar tão perdido, peregrino,
navegante da saudade. Ergo a fronte
e me vejo desamparado feito menino.
Tua ausência arde: brasa em mim.
Sinto-me oco, em completo desvario.
Assalta-me de ti a fragrância: eras jasmim.
Eras também as águas calmas do meu rio.
Eras tudo: meus sonhos, minha própria vida.
Se me escutas, quem sabes estás sozinha?
Hoje, que tenho eu senão essa dor tão sentida?
Aqui, solitário, jaz um rei a quem falta uma rainha.