A MULHER ABANDONADA

Não se refaz o lábio da mulher abandonada

Com batom ou prece

Não se satisfaz o peito da mulher abandonada

Com valsa ou colar

A mulher abandonada

Caminha na Champs-Élysées

Como um rato caminha

No esgoto de Sumaré.

Não há beleza

Não há leveza

Não há Condessa

Nos pés da mulher abandonada.

Seu perfume não encharca nenhum salão

Sua sombra não marca nenhum chão.

A mulher abandonada

Não seduz

Não reluz

Seu braço não conduz

Nenhuma dança.

Não há beijo que se anuncia

Na boca da mulher abandonada

Não há laço que aprisiona

No colo da mulher abandonada.

Não há mandinga na lágrima

Da mulher abandonada.

Não há entrelinha na palavra

Da mulher abandonada.

Não há mulher escondida

Na alma da mulher abandonada.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 12/10/2011
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