Vento Materializado

Aqui de minha sala
olhando pela vidraça,
fico a pensar no vento
que pelas folhas perpassa.
 
O que será que ele sente
quando está a ventar?
Será que prefere a terra
 ou preferirá o mar?
 
Por que será que não o vejo
mas o sinto em mim tocar?
Será que é desse modo
que quer se comunicar?
 
De novo levanto os olhos
para a árvore da frente,
tentando ver se consigo
ver o vento de repente.
 
Então as folhas se agitam
num bailado sem igual,
como se representassem
um grande festival.
 
É como se me dissessem
que estão bailando assim,
porque o vento pediu
que bailassem para mim.
 
Nesse momento estremeço
com um toque em meu ouvido,
e, perplexa, eu ouço
o vento falar comigo:
 
“Não é para todo mundo
que gosto de revelar
tudo que você agora
acabou de questionar.
 
Mas sinto que você
merece atenção
porque faz suas perguntas
com amor no coração.”

E, com suavidade,
ele vai me explicando
e vou entendendo tudo,
que comigo vai falando.
 
Por fim ele me diz
que se materializou
só pra falar em meu ouvido
o segredo que é pra ficar
somente comigo.

*****
Do Livro: “Entre Poemas” – Pág. 89 – Irene Coimbra