A última confissão!

Não me espere tanto,

pois sou o tempo parado às margens da vida,

um homem solitário e com tão pouca guarida,

porque dentro de me sofre e chora um raro coração.

Amo o teu amor, mas ele não me dá guarida.

Sou louco pelo espaço que não te enche vivo,

sou talvez quem nunca foi de ti.

Queria dizer-te as mais belas palavras,

dormir ao teu lado esquecido dos meus ditosos atrasos,

um homem apaixonado por nós dois.

Mas eu tenho dívidas para com a vida,

coisas deixadas para trás e mal resolvidas,

coisas que nem sei de quem o são.

Há o que me foi separado e o rastro de fel ficado,

o que nem posso descrever neste papel nem em lugar nenhum marcado.

O que tu esperas de mim, ainda devo-te muito.

O garanhão está cansando e desiludindo-se,

porque os nossos tempos têm ficado desiguais.

Choro a falta de um amor amizade

cheio do presencial e sem de nada sentir saudades,

mas o que vivo é o oposto do que é e do que foi.

Perdoa-me, pois não sou apenas eu quem vivo,

Há entre nós dois serenos inimigos, os lobos dos nossos desavisos,

o que tudo mata para morrer depois...