Da caverna.
A sombra que desdenho na figura
Desponta da cultura que não tenho
Vivendo o vão da fúria, sem empenho;
Descrente no engenho da procura.
Caverna com desenhos e censuras
Resguarda a noite dura de onde venho
Dá forma a esta loucura, quase um senho,
Do medo que mantenho como cura.
Assim, girando o mundo em tantas eras
Sendo deus, sendo fera, o iracundo
Brotará no fecundo quando impera,
A fugaz primavera de um segundo
Vingará quando tudo desespera
Pois a queda me espera e não tem fundo.