A MALA
A MALA
Não há nada mais difícil,
Nem momento mais incerto,
Em minha mala tão dócil
Quantos socos eu lhe acerto.
Do guarda-roupa decerto,
Tudo querendo levar,
Como se para o deserto
Estivesse a me mudar.
Toda viagem eu repito:
“Desta vez eu me conserto”.
Mas do cérebro ouço um grito:
“Desta vez eu não me aperto”.
Quero fazer tudo certo,
Nem de menos, nem de mais.
Mas no final eu enxerto,
Enchendo a mala demais.