Se me perguntarem
Estendida diante seus olhos
Meu corpo desnudo
Em sua mão primeira
Entreguei-me.
Entre tantos medos
Guardados em segredo
Abracei teu medo ao meu.
Senti as curvas molhadas
Por sua boca regada
Feito orvalho invadindo botão.
Aos poucos tudo foi se abrindo
De alegria o jardim florindo
Na mais bela sedução.
Quem pensa perder a pureza
Ao abrir as portas
É porque não sabe da grandeza
Da vida vencendo a morte.
Indaguei-me já sem juízo
Onde foi que amor tanto guardei?
E nessa loucura improvisa
O primeiro grito de prazer lhe dei.
Não sei se isso ao menos passeia
Em seu olhar de forma maravilhada
Se ainda te visito no frio da madrugada.
Se me perguntarem
Porque dessa forma entregaste
Sem preço nenhum de resgate
Tão precioso amor?
Diria com emoção
Vês aquela flor se abrindo
Ao calor da luz sorrindo?
Poderias dizer a ela
Pra fechar as janelas
E se alimentar de escuridão?