Não mais que um instante.
O outro lado do nosso medo
Permanente vedação
Que mantemos em segredo
Até que toda a alegria desapareça
E a gente da gente se esqueça.
No conforto do lar
Onde ficamos sem sair do lugar
Degredados e degradados
Sorrindo por fora e por dentro magoados
Enquanto a vida corre lá fora.
Grades e cercas em nosso coração
Algemas em nossos pulsos
Cegos, não vemos o Sol brilhar:
Por que não aproveitar
O primeiro da rua a passar?
No ônibus, no Café, na Praça, no bar
Ou em qualquer lugar
E dizer: olha, amigo
Hoje a vida mais parece um castigo
Um instante fica comigo.
Ontem perdi um ente querido
Ou meu marido me bateu
Estou sem lugar pra morar
Ou tenho vontade de suicidar
Ou na verdade estou sem vintém....
O primeiro a passar é sempre a solução
Para a grade desmanchar
E o bom é que o outro
Sempre está em qualquer lugar
Onde nós estamos também.