O POETA
Rabiscou o papel
Escreveu como sonhando
Numa mansidão bucólica
Uma placidez de iogue tibetano
No mais completo silêncio
Apenas se deixando envolver
pela beleza de um céu azul cobalteano
Não só perambulando pelas palavras
Sentindo a natureza integral mais profunda
Entanto, me pergunto para que serve as palavras,
que utilidade está fragilmente inscrita no verbo?
Mas cada um escreve o que sente
E como pode,
A questão do talento tem menos importância
do que supõe a nossa vã epistemologia.
O resto é tentar viver, tentar
sonhar sabendo que isso não passa
de um ingênuo sonho impossível.