O OLHAR VERDE DA COBRA
mal acordados,
dois olhos verdes, de cobra,
enciumados
rastejam sobre meu corpo.
mal acomodados,
os lençóis desfeitos da cama,
amarrotados,
descobrem onde deitamos.
Despreocupados,
com os sonhos cheios de braços sem desodorantes,
descortinamos um mundo cheio de liberdade e espaço
para, lado a lado,
falarmos das fantasias
mesmo quando desencontrados.
A noite é pouca
para decifrar a causa do olho verde
que rasteja qual cobra
sobre meu corpo
amanhecido.
desacostumado com o verde
olhar que rasteja
deitado,
debruço-me sobre teu corpo,
e beijo-te até sugar o gosto
da tua boca enciumada .