Irmãos

Juntos caíram, juntos se levantaram, juntos riram e choraram.

Brigaram e fizeram as pazes em dois minutos, centenas de vezes, como cabe a irmãos.

Se protegeram de outros, zangados, preferindo levar porrada eles mesmos

porque só irmãos podem se bater.

E se empurraram, rindo, em direção a outros, sabendo o quanto seria bom.

E deitaram-se de mãos dadas no escuro

e contaram os sonhos assim que acordaram

e falaram de seus medos, seus pudores, seus anseios

Falaram dos dias ruins quando aconteceram

falaram das vitórias nos dias em que as viveram

Contaram seus desejos, pouco antes de decidir se iriam mesmo se entregar a estes

e, logo depois, quer em jubilo, quer em arrependimento

Deliciaram-se em saber-se entendidos pelo olhar, sem precisar explicar-se

E também explicaram-se uns aos outros, sem necessidade,

só pelo gosto de ser ouvido por quem te aceita, mesmo que não te entenda.

E, nesta troca, cresceram.

Floresceram, cada um ao seu modo.

E, ainda que diversos,

essencialmente juntos.

E, ainda que distantes,

eternamente

Irmãos.

Setembro de 2011