O MAR
Pelas grandes correntes de pensamento
Mar feito de ar etéreo, patrimônio do mundo
Ondas neuronais que vagam pela imensidão
Reunidos em conchas auditivas
Em finas gotas escorridas pelas mãos
Destes em que fazíamos castelos de areia
Delineando-os e escrevendo nos olhos rasos dӇgua
Na beira da praia do Atalaia ou outra que a valha
Mesclavam-se água e terra em moldes
Que saiam e brotavam de nossas mãos medievais
Artesãos da imaginação... Reis e rainhas entravam
Sem ninguém perceber, quanta riqueza num olhar de uma criança...
Letras e orvalhos, sol, sal, e esperança
A liberdade nos olhos lembranças vagas!
Na vaga da onda que logo destruiam sonhos de areia!
Nossos pais sempre atentos comos os ventos sussurravam
Sem julgamento que não poderíam nos perder
No firmamento que gotejavam por dentro de nossos dedos
O mar convulso explodiam nas conchas de orelhas de seus medos!
Na grande água viva de seus apreensivos olhos de rochedos...
Hoje a beira de minha praia
É uma página em branco! Vou construindo meu castelo
Com as mesmas letras que fazia na praia
Do nada surgem personagens, e cores, miragens!
Feita de licores e brisas atemporais
Às vezes vivemos do meretrício das palavras vagas
Preenchendo-as de lacunas e vícios
Mas nada sucumbe a criança que nos mantém vivos!