Lurdinha
Quando eu era menina
Na boca de todos havia
Um medo
Uma latomia
Algo que se temia
E tão distante estava o perigo
Que, tão pequena, não entendia
Seria o boi da cara preta
O lobisomem, o vampiro
Pois se tinha uma capa preta
Igual cortina de velório
Debaixo daquele capote
Nunca se imaginaria
O que guardava o Tenório
(Belo Horizonte, novembro de 1989)