Estrada de terra batida
Estrada de terra batida
Ao sol do meio dia
E lá eu ia
Com as mãos prendendo mil sonhos
Que talvez não voassem por isso.
Meus pés sob o menino
Não tinham preguiça
Também pudera tanta juventude.
Quem dera hoje
Com toda a experiência.
Paisagem de flores amarelas
Ipês brancos de tanta espera
Aguardavam na beira da estrada
Um menino que fosse
Um homem que visse
Suas belas feições.
Onde estará o menino?
Terá escondido o submarino?
Quem sabe se antes de crescer o desmontou?
Sei que sofria e queria afogar as lembranças
Nas águas dos mares por onde navegou.
De repente, as mil borboletas
Saídas como que de trás da orelha
Juntam-se na minha memória
Ao menino que ia
Na estrada de terra batida.
Lembram-me uma menina
De um tempo futuro àquele
Que as amava tanto
E, portanto,
Me as pediram em poesia.
Num fim de tarde
No limiar da estrada
Antes do novo ano
Veio a dona dos meus sonhos
E pôs-me ao pescoço um beijo
Em cujo gesto quis de fato
Juntar aos meus passos
Seus pés, sua alma.