POETA...
Sou jardim de beija-flores...
Sou o néctar, sou os valores.
Sou o remo e sou os remadores!
DEPOIS DO ADEUS
O que sobrou de mim
cabe na palma da mão
daquele bebê. Cabe, cabe sim!
PRAGUEJANDO...
Tomara que esta sua
nova paixão se dilua
nas águas de março!
ABANDONADO
Esse tempo perdido
entre a solidão e um não.
Esse vazio... Esse peito partido!
QUEDAS...
E o céu aplaude
antes de assistir
ao meu final!
SOLIDÃO...
Um amor, uma saudade.
Um segundo amor, outra saudade.
Solidão. Saudade de sentir saudade!
TATO E LÁBIA...
Deite aqui os seus anseios...
Deixe que eu os encante com
os meus enredos e meus meios!
RASTROS...
Teus pés deixam
estrelas salpicadas
no chão do meu quarto!
NOSTALGIA...
Este quarto, esta rotina;
este quadro, nossa cortina.
Esta canção antiga... Triste sina!
FÊNIX
Nem sabe ela
que aprendi
a renascer das cinzas!
A POESIA CHAMA...
Vento batendo na varanda.
É a poesia que anda
a espreitar o poeta!
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BRIGUINHAS
Duas saudades se sufocam,
dois bicudos
que não se bicam!
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FLORIDO
Palmas para o agosto
que enflorou o ipê
que impera no pasto!
FUGA...
Não sei mais do poema
que se pôs a me ler sem
antes se deixar escrever!
BEIJO
Se sua boca toca a minha:
saio do chão, caminho no céu.
Sou um rei no beijo da minha rainha.
SOU VÁRIO
Sou múltiplo, sou tantos em um;
(que nem sei mais) qual de mim sou eu.
(Seria tão incomum) não ser mais nenhum?
ABANDONADO
Boa noite, amor, onde estiveres!
Daqui ficarei ideando teus encantos.
Antes que ultime de vez os teus haveres.
DEUS
Sou a fé que te ajoelha,
sou a voz que te aconselha.
Sou a pedra, sou a muralha, sou a telha!
RUA DA FOFOCA
Sou comum, sou qualquer um:
sou do jeito que seus olhos me veem.
Passei a ser alvo na rua do zunzunzum.
PESCARIA
Quem sabe do fundo do rio
é o peixe quem me pesca
com isca de alforrio.
PEIXINHOS
Esses peixinhos realçados
pelas mãos de Deus; são pingos
de calma nesse rio pingados!
SEPARAÇÃO (de corpos)
Agonia, desejo, vontade.
Distância que fere e rasga
a carne. E sangra saudade!
SEDE OU FOME?
Veja como o verso pede
outro verso, e outro, e outro...
De certo verso de verso tem sede!
TRETA OU MUTRETA?
Quem foi que disse que poeta
sabe tudo sobre o amor?
- Sabe nada de nada, é tudo treta!
EXAGERADO
Humilha, fere, faça dor.
Talvez mereça mais que isso.
Amar em demasia, perde-se no amor!
DEDICAÇÃO (de poeta)
Com a esferográfica na mão
viro um samurai e venço guerras.
E nasce verso do suor e da abnegação.
NATURALMENTE...
Se for amor o desejo brilha
possante nos olhos dos amantes.
Lei da vida. Lobo segue a matilha!
CASAMENTO
No início, sabor de um fino mel.
Durante, a guerra bate a paz.
No adeus, picadas de cascavel!
FLORES
Esse branco, esse roxo, esse luxo...
São pétalas do vergel de Deus?
Ou é profano, coisa de bruxo?
SELVAGERIA
E treme a flor na ramagem.
Lá vem a madame fazer a ceifa.
Quem aqui que é a selvagem?
ESCRAVIDÃO
Marcha o cavalo pelo atalho da morte.
aonde do preto velho furtaram a vida.
Nem era boi e foi feito de boi de corte.