POEMA LONGO: CANTO VI - OS CAMINHOS DAS ÁGUAS...

CANTO VI:

OS CAMINHOS DAS ÁGUAS...

Tem horas que o caminho não é reto;

Existem curvas, existem obstáculos...

Que só as águas do rio conhecem,

Quando os enfrenta no contato direto!

Ás águas do rio soma-se as margens de sua estrada!

Á estrada, soma-se as águas do rio, e tudo o que existe nestas águas...

Edvaldo Rosa

002/01/2010

Quando tudo parece certo,

Vem o acaso e muda tudo!

O homem que parecia ser tão correto,

É apenas homem... Nem errado, nem certo!

Talvez o tempo gasto com a própria vida,

Não foi suficiente para tanto, para tudo!

O amado sucumbira aos desejos da carne,

Procurou abrigo, em outro corpo, em outra cama!

Quando tudo parecia correto,

E a vida corria num rumo célere,

A noticia da infidelidade foi um baque, um breque...

Uma adaga aprofundando-se no peito!

Como pensar, que o que foi construído,

Havia de ter ruído, tão fácil, tão rápido?

Como um sonho que se desvanece

Ante os raios do sol, quando tocam os olhos que dormem...

Como olhar o velho homem, com um olhar novo?

Como tocá-lo? Como desejá-lo?

Como retrilhar os mesmos caminhos,

Se os passos por caminhos diversos se encaminham?

Pior mesmo é saber-se impotente,

Descrer da própria beleza da gente,

Pensarmos ser menos do que somos...

Ser trocado por um desejo de corpo, fútil e passageiro!

Enquanto a noite caia sobre tudo,

Olhos arregalados olhando olhos tristes,

Uma boca calada ouvia noutra boca sobre infame traição...

Um coração era Saara, outro era tempestade, raios e trovões...

O pior foi saber-se traída,

Não por que uma culpa se sentia,

Á procura de perdão...

Nem por haver remorso no coração traidor...

Uma criança tinha sido gerada,

Por aquele maldito desejo da carne, do corpo...

Era um menino, que sofria

Nas mãos da mãe que nem o queria ou amava!

Noites foram passadas em claro, escuras...

Noites silenciosas, com intensos trovões...

Enquanto não se alcançava uma compreensão,

A traída, o traidor, e a criança do pecado, sofriam na solidão!

Era estar entre a cruz e a espada,

E uma criança inocente num calvário!

Como negar amar o homem que tinha errado?

Como renegar, não amar, ao filho do coitado?

Frente a frente, homem e mulher, olhos grudados,

Mãos delicadas pegando forte a face do homem,

Esfregando-a em seus seios, em seu corpo,

Com fúria, com força, nas próprias partes...

-Eu sou a tua mulher, tua totalmente,

Tanto por fora, quanto por dentro...

Nunca se esqueça disso novamente,

Não se atreva a esquecer de novo o amor da gente!

Tudo findo, lágrimas nas frontes...

Corpos caídos sob o peso de culpas e mágoas...

Um quase silenciar principiando, quando inesperadamente:

-Vá e traga-me o teu filho, vá e volte rapidamente!