Para mil e seiscentos diabos
Dormir, sonhar e roncar,
tudo é coisa natural.
Mentir nem coceira dá,
e aí mora todo o mal.
Gente, por educação
– prá abafar o tititi –
por roncar pede perdão,
mas não liga em mentir.
Pede-se muita desculpa
por processos naturais;
isso parece uma lupa
cuja lente esconde mais:
se a pessoa sabe ser
vil e volátil de humores,
ganha fama e poder,
é líder, tem seguidores;
se o sujeito tem por bem
ser sincero, honesto, reto,
muitas vezes nem paz tem,
por outras, sequer, um teto!
Gente normal – justa, boa –
de mentir se envergonha.
Porém, a questão ecoa:
Sonhar vai virar peçonha?
Anormal é quem se acha
acima de regra ou lei.
Isabel diz-se ‘Natacha’.
Mentir para quê? Não sei...
Revertendo-se os valores,
mentir virou cortesia;
parece estrada com flores
se tornando pradaria!
Basta de hipocrisia!
Sonhemos e bem ronquemos!
As desculpas (quem diria?)
e a mentira, aos demos!