Cometa
Por que tudo teria ficado assim infinitesimal
Cheirando a passado e com esta voz rouca de baus
Por que teria eu conduzido o barco
Para que atravessasse rapidamente
E do outro lado
Do lado contrário ao que foi presente
Nem a lembrança do adeus existe
Nem a vontade de que a viagem tenha retorno
Foi tudo tão bonito
Até que o corvo
Da noite fria sobre os oceanos
Cobrisse de negror as estrelas e o minguante da lua
A fase descendente
Se escondesse de mim
Como se fora demente
E ver não pudesse
Que não passou de um cometa milenar
De rastro longo e reluzente