TRAGÉDIA

Por mais que eu queira não posso

Não posso distrair minha mente

Sanidade já não existe em meu vocabulário

Reflexos hemiplégicos regem meus atos

O estarrecimento toma conta de mim

Não sou mais quem eu queria ser

Sonhos, anseios, esperanças, nada mais

Nada mais existe em meus planos

Sua imagem monopolizou minha visão

Todo o resto tornou-se translúcido

Miragem, quimera desértica

Alucinação desvairada e insana

Pois peço-lhe gentilmente agora

A retribuição de meu viver

Os sonhos que deveria sonhar

O domínio do meu próprio coração

Assassina de sentimentos

Arrebatadora de esperanças

Ladra de olhares

Seqüestradora de pensamentos

Peço a morte que conclua seu labor

A conclusão de todo o sofrimento

A ato final do meu drama

O fechar de cortinas desta tragédia

Acabou, não posso mais

Forças não tenho, nem terei

Não lutarei, padecerei em meio a batalha

Coração parado, olhar cadavérico

Seu triunfo, sua obsessão

Minha morte, seu troféu

O fim, mais que tardio

Não vivo, porém não sofro