INVISIBILIDADE

Venho de longe... – de muito longe

Por estes caminhos sombrios, ensolarados

Contando minha porção de passos...

Vaguei tanto pra chegar onde estou

Agora com esta aparência

Esta bagagem de anos que me faz curvado...

Meu fôlego curto, minhas mãos tremulas

Cansadas da labuta

Do ofício...

Trabalhei muito... – construir Brasília.

Às vezes me arrependo, quero pôr fogo,

Mas sou contido

Por ainda acreditar na juventude.

Esta juventude que mal sabe ler no rosto

Traços escritos pelo tempo... – sabedoria.

As linhas do tempo são construídas, e não adivinhadas.

Mas não os culpo inteiramente.

Isto é reflexo da engrenagem caótica

Do mundo moderno

Que fazem dos homens máquinas.

Diz meu amigo Bemvindo Sequeira:

“Quanto mais velho, mais transparente você se torna.

Chegar a ficar invisível: ninguém mais lhe percebe,

Mais um pouco e nem lhe enxergam.”

Há invisibilidade por toda parte.

Isto é arte: deixar que o tempo pinte em nossa pele

As cores da velhice.

Agnaldo Tavares o Poeta
Enviado por Agnaldo Tavares o Poeta em 04/10/2011
Reeditado em 04/10/2011
Código do texto: T3258077
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