Linguas falecidas

Estou cheia de línguas mortas por todo o meu corpo

Que não é o latim

Pois este já esta em mim gastado

Me causando apenas longes urticarias

Línguas mortas de culturas remotas

Que já não podem decidir por mim

Mesmo assim me causam medo

Que possam de certa forma reviver

E voltar a comandar-me

Línguas mortas que não são as de um pai

Que esta sempre a dizer

O que é certo e errado

Na educação de uma menina

Para se tornar uma linda

Adequada mulher

As que me refiro são aquelas

Atuam como lapidadores

Pois não somos completos

Nem vollkommen

Necessitamos viver

E estaremos sempre a aprender

Para desaprender depois.

As minhas vidas estão cheias de línguas mortas

Que são, enfim, os pensamentos

Da cultura que vive em mim

Sinto que me olhas e queres perguntar-me

O que são línguas mortas?

Está metáfora efervescente

Em minha memória que jamais se pode abolir.

Já que é ter necessário um passado

Para poder o futuro alcunhar

Bebendo um vinho

Fumando um charuto

Sentada a porta de um idílico

Habitar que ousaremos chamar poeticamente

De lar

Gelassenheit
Enviado por Gelassenheit em 04/10/2011
Código do texto: T3256353
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