Mote
Il Bacio (Paul Verlaine, in "Caprichos"
Tradução de Fernando Pinto do Amaral)
http://www.citador.pt/poemas/il-bacio-paul-verlaine
O Beijo! malva-rosa em jardim de carícias!
Vivo acompanhamento no piano dos dentes
Dos refrãos que Amor canta nas almas ardentes
Com a sua voz de arcanjo em lânguidas delícias!
Divino e gracioso Beijo, tão sonoro!
Volúpia singular, álcool inenarrável!
O homem, debruçado na taça adorável,
Deleita-se em venturas que nunca se esgotam.
Como o vinho do Reno e a música, embalas
E consolas a mágoa, que expira em conjunto
Com os lábios amuados na prega purpúrea...
Que um maior, Goethe ou Will, te erga um verso clássico.
Quanto a mim, trovador franzino de Paris,
Só te ofereço um bouquet de estrofes infantis:
Sê benévolo e desce aos lábios insubmissos
De Uma que eu bem conheço, Beijo, e neles ri.
Paul Verlaine, in "Caprichos"
Tradução de Fernando Pinto do Amaral
***
Besos (Tânia Meneses)
Beijo no beijo do álcool dos teus lábios
Beijo na fina pele dos beijos que perdi
Beijo dentes e línguas com a mesma dor
A dor de não ter os beijos
Beijos sangrentos do rubi
Pouso nos lábios os beijos desejados
Nas ondas calmas do corpo que se cobre
Do pejo pelo desejo desses beijos doces como a morte
Dos beijos que não beijei
Ó, cruel sorte