ESPELHO DA ALMA

ESPELHO DA ALMA

Ah como gostaria de fazer uma poesia do tamanho real da minha alma!

Não da minha alma presa, acorrentada,

Mas, da minha alma brilhante, reluzente,

liberta dos medos presentes

Da minha alma em sintonia como todos os universos ,

com todas as outras almas

Mas... teria que ser uma valente e possante poesia

Que mostrasse a força de um grito dilacerante

capaz de embrenhar-se em abraço único

nas matas ainda virgens dentro de mim

Explodir-se naqueles mantos verdes e sempre verdes..

em algo escandaloso, prazeroso...

Queria que essa poesia dançasse em céu aberto

Distribuísse estrelas cadentes

Espalhasse brilho e verdade, fogos de artifício...

Cetim e tafetá

Que tivesse também o gosto doce de chocolate de mim menina

Que invertesse a órbita do sol com o poder das coisas simples

E... relegasse às cinzas...

a poderosa inutilidade do requinte!

Que sentada à sombra da árvore assoviasse o ritmo do vento

Escalasse sem cautelas a torre dos absurdos,

resgatando de lá sonhos esdrúxulos

Metamorfoseados de verdades essenciais....

Que trouxesse as besteiras contextualizadas nos relevos das paredes mortas...que não vou mais riscar...

Que pudesse essa poesia também ser o mar ... agitando-se leve trazendo o contraditório do barroco que em mim há...

Que fosse essa poesia A minha boca pintada de vermelho ensaiando aquela valsa mais que ensaiada,

de um enlace qualquer...de que já nem me lembro mais...

Que se não pudesse ser tudo isso ...

Que ao menos essa minha poesia pudesse ser o que hoje estou sendo:

Efervescência, essência, cantiga de ninar...

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 03/10/2011
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