ESPELHO DA ALMA
ESPELHO DA ALMA
Ah como gostaria de fazer uma poesia do tamanho real da minha alma!
Não da minha alma presa, acorrentada,
Mas, da minha alma brilhante, reluzente,
liberta dos medos presentes
Da minha alma em sintonia como todos os universos ,
com todas as outras almas
Mas... teria que ser uma valente e possante poesia
Que mostrasse a força de um grito dilacerante
capaz de embrenhar-se em abraço único
nas matas ainda virgens dentro de mim
Explodir-se naqueles mantos verdes e sempre verdes..
em algo escandaloso, prazeroso...
Queria que essa poesia dançasse em céu aberto
Distribuísse estrelas cadentes
Espalhasse brilho e verdade, fogos de artifício...
Cetim e tafetá
Que tivesse também o gosto doce de chocolate de mim menina
Que invertesse a órbita do sol com o poder das coisas simples
E... relegasse às cinzas...
a poderosa inutilidade do requinte!
Que sentada à sombra da árvore assoviasse o ritmo do vento
Escalasse sem cautelas a torre dos absurdos,
resgatando de lá sonhos esdrúxulos
Metamorfoseados de verdades essenciais....
Que trouxesse as besteiras contextualizadas nos relevos das paredes mortas...que não vou mais riscar...
Que pudesse essa poesia também ser o mar ... agitando-se leve trazendo o contraditório do barroco que em mim há...
Que fosse essa poesia A minha boca pintada de vermelho ensaiando aquela valsa mais que ensaiada,
de um enlace qualquer...de que já nem me lembro mais...
Que se não pudesse ser tudo isso ...
Que ao menos essa minha poesia pudesse ser o que hoje estou sendo:
Efervescência, essência, cantiga de ninar...