A VOZ DA MUSA

Bilac declarou ouvir as estrelas

E tacharam-no de louco, insensato.

Eu ouço uma voz inominada

Inexplicável e inexplicada.

Quando as sombras se espalham sobre a cidade,

Quando os pássaros procuram o aconchego dos ninhos

E eu procuro o silêncio do meu leito,

Ela se aproxima, e se insinua, e me fala

Sobre coisas em que nunca pensei.

À vezes me levanto: é inevitável

E escrevo o que ela diz.

Ás vezes não.

Não consinto que ela penetre em minha mente

E altere o ritmo de meus pensamentos.

Então, acho que ela se zanga,

E se vai, e demora a voltar.

Mas volta, e me fala, e eu a ouço.

Como Bilac ouvia as estrelas.

Loucura? Insensatez?

Talvez...