Há um rio profundo e largo...
Seu curso,
Seu leito, suas águas
Intrigante percurso...
É do rio, cortar
Abrir sulcos, rasgos fundos
E deitar-se sobre lençóis úmidos,
A mãe Terra acolhe o veio e,
Faz-se ventre fecundo,
Sabe-se a vida embalar
Acalentar sonhos profundos...
É do rio, de vida encharcar
Tênues superfícies,
Abismos, planícies,
Desde o seu nascedouro,
Do brotar da fonte,
É do rio, circundar montanhas e montes,
Fazer-se berço das águas,
Das marés, ser continente ou,
Condescendente, quando
O desejo é correr... livremente,
Água límpida desliza, corre,
Hidrata, revigora, evapora...
Água barrenta,
Turbulenta, apreende, por hora...
É do rio, a correnteza, a instabilidade,
Imitar do mar, a marola...
Mas, a margem é seu aporte
Ancoradouro,
Beira, eira, suporte
Cada rio, sua história...
Sua incompletude,
Sua intensidade,
É do rio, abrigar sutilezas
Mistérios, belezas, profundidades...