Libação.
Ouça o silêncio trágico do morto
A carne teima em cinzas, rumo ao nada;
E todo espelho estampa uma cilada
E em cada rosto pasta um anjo torto.
A chama reina sobre um mundo roto
Enquanto a prece morre sussurrada
Um deus solene em sua fé culpada
Tranquilamente cobra seus impostos.
O mundo novo em vívidas disputas,
Em tantas cruzes postas sobre os ombros
A noite inflama e quase não assusta
A paz se mostra inútil desassombro
A vida cede o dom sem causa justa
Enquanto luta ferida entre escombros.