Beatriz

Beatriz...

A face calma e secular cheirava a cais e especiarias

Seu olhar pairava sobre todas as rotas e mundos

E era em seu lábio que os ventos vinham aprender as diversas canções.

Todos a chamavam Beatriz

De seu ventre parira o universo entre rosas azul-desejo

E fez-se mãe de todos os deuses e deusas

Mitos e crenças, rituais e profecias...

E era na pausa das chuvas que tecia as noites e os dias.

O seio claro alimentava os meridianos,

Os demônios que nasciam das águas

E homens de chapéu e terno de outras gerações

eram longos os dedos de Beatriz,

e na palma de sua mão

guardava o céu e uma caixa de fetos

caminhava sobre as constelações com passos antigos e cansados

vestida de branco, com flores de anjos no cabelo

descia ao céu de tempo em tempo

com ramos de luzes e anis

desde o início e por todo o sempre

todos a chamavam Beatriz

em silêncio...

Beatriz.

Tonho França.

Tonho França
Enviado por Tonho França em 01/10/2011
Código do texto: T3251847
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