Andarilho
Andarilho
Sou homem de pouco espaço
Tenho como companheira a vida
Abaixo do sol, chuva e tormentas
Sinto o chão umedecido em meus pés
E torrenciais sobre a cabeça
Carrego a graça em meu coração
A imagem de Nossa Senhora da Conceição
Nos braços a tralha dos pertences
Coisas meras, de pouca importância
Mas carrego junto a mim,
Pois são cacos de lembranças
Vagueando entre espaços
De tempos e distâncias
Uma viola de cordas e magias
Tocando e chamando a atenção
Para trovas de alegria
No calcanhar de minha vida
Rachado em agonia
Em poeiras levantadas!
Penetrando as sandálias
Perna esgueira, mas fortes sustentando este corpo
Pés carcomidos, andantes pelo mundo afora
De palavras e experiências
Já fiz mais do que imaginam
Na vida de andarilho esculachado
Atravessei o Brasil de lado a lado