RAIO VÍVIDO
Entre as densas folhas do arvoredo
Perpassa um segredo
Um raio de sol teimoso e atrevido
Ínfimo, efêmero, mas vívido
Que toca o chão, suavemente, sem medo.
Hoje a umidade desapareceu
Flor alguma floresceu
Ficou uma sequidão na floresta
Em que as luzes não fazem festa
Até mesmo o ar feneceu.
Na garganta e na alma um furor
Como raízes escondidas na dor
Um calar-se da umidade revigorante
Voz silenciada no âmago, gritante
Resta um raio vívido, teimoso, redentor.
Um sol miúdo que uma fresta encontrou
Por entre as folhas, na escuridão penetrou
Numa alma silente, contrita, presa
Tenta reviver, caminhar, sem surpresa
Um canto-raio de sol, presente, ressuscitou.