A CRIAÇÃO…
Não nasce assim meio no vácuo
Ou por um mero e simples acaso
Há que se dar o primeiro passo...
Para que exista o ato de fato!
Até a semente que se esparramou
É um processo a dançar no compasso
Foi alguém ao ouvir o seu interior...
Que burila, cuida, trabalha, garimpa
Inflama sua chama como o criador
E as letras, traços, rabiscos, telas
Palavras, cores, sons, imagens...
Vão dando forma e sentido
Tudo conspira, inspira e pira a favor
É a pujança da arte a mostrar seu valor
Como no jardim semeado cresce a flor
O jardineiro vislumbra a planta, rega e poda...
Também o artista da vida a tudo organiza
No fascinante mundo que se descortina...
Ele é intérprete, célula mãe e pai da emoção
Depois... Do terreno fecundo do silêncio...
Aparece o que estava oculto em embrião
Só o olhar esperto e aguçado da percepção
É capaz de sentir, entender esse mistério
Por vezes tão simples e noutros complexo
Esse ritual meio mágico se dá em tudo...
E explica sem complicação o “inexplicável”
Mas deixemos espaço para o imponderável...
Que o poeta depois versa com sua explanação.
Hildebrando Menezes