esperei por ti
esperei por ti
aqui
como se fosse
eternamente
não viestes
minha cara
pobre de mim
quando mentes
é com a desfaçatez
das meretrizes
não me deixastes
qualquer aceno
qualquer talvez
qualquer lembrança
dos nossos momentos
mais felizes
sem esperanças
largastes em mim
o desaconchego
noites vazias
a chuva
o sereno
em meio ao desabrigo
de um sono desamante
fizestes tanto comigo
me deixastes sem ti
aqui
exausto
envolto nesse medo constante
sozinho
ao relento
calejado pelo vento
morrendo de frio
em pleno desalento
em pleno descaminho
esperei por ti
não viestes
não me destes a razão
não me mandastes um olhar
um sinal
sequer uma gota que fosse
de perdão
cruel
tua atitude
cruel
teu desapego
ainda não sei como eu pude
me doar tanto assim
eu que te amo
não imaginas
o que me causas
não imaginas
o desastre
quando me enganas
quando me iludes
ai de mim
ai de nós
transparecem enfim
os nossos contrastes
apagaram-se todos os traços
soltaram-se todos os laços
desfizeram-se todos os nós