LEMBRANÇAS DO PASSADO
Muitas coisas do passado
Hoje lembro com saudades
De quando eu era jovem
Bem na minha mocidade
Fui morar numa fazenda
Bem pertinho da cidade
Era uma casa grande
Do tempo da antiguidade
E foi ali que eu vivi
A minha felicidade
Foi morara ali bem perto
Em outra propriedade,
Seu Luiz um homem bom
Já assim de meia idade
E sua esposa Julieta
Que eram os pais de Adelaide
Era jovem e bonita
E ela tinha a minha idade
Quando a vi senti no peito
Que era amor de verdade.
Neste tempo eu contava
Dezoito anos apenas
Foi quando eu conheci
Esta linda jovem morena.
Os seus pais novos vizinhos
Que acabara de chegar,
Atravessaram o córrego
Para vir nos visitar
Era já de tardizinha
Antes de a noite chegar.
Vieram com a família
Pra a amizade começar,
Manoel o meu padrasto,
Começou tagarelar:
O Osvaldo toca viola
E também sabe cantar;
Timidez eu tinha muito
Mas na hora resolvi
Meu padrasto era gabola
Dizia: toca viola pra gente ouvir
Então peguei minha viola
Com as cordas bem afinadas
E toquei a araponga
Que era a mais afamada
Quando acabei vi que a moça
Estava interessada
Eu também gostava dela
Mas eu não dizia nada.
Só depois de uma semana
Com a voz embaraçada.
Perto de uma bica d’água
Eu com ela me encontrei
Do meu grande amor por ela
Nesta hora eu falei.
Foi com tom emocionante
As palavras que falei
Daquele dia em diante
Minha vida lhe entreguei.
Debaixo de um pé de pêssego
Os lábios dela eu beijei.
Tão grande era a inocência
O que eu sentia por ela
Foi pela primeira vez
Que eu beijava uma donzela
Seu cheiro era de Jasmim
Seu gosto cravo e canela.
Nosso amor era tão belo
Sem segredo era inocente,
Mas um dia o destino
Mudou tudo de repente.
A paixão a cada dia
Crescia dentro da gente
Todo dia eu a via
Ela estava em minha mente.
Quando eu não ia ela vinha
Assim era bom pra gente,
Tinha tudo pra vencer
O que pintasse em nossa frente.
Mas na vida tudo passa
Nada fica eternamente.
De lá mudei pra cidade
Mas com dor no coração
Não era a minha vontade
Mas por uma precisão
Mas antes de eu mudar
Fiz pra ela uma canção
A qual eu e meus colegas
De Sanfona e Violão
No Circo Transcontinental
Eu cantei esta canção
Na cidade eu comecei
Trabalhar de empregado
Mas na Quarta-Feira eu ia
Visitar meu bem amado
Uma semana era muita
Longe de quem eu amava
Na quarta-feira eu ia
Quinta-feira eu regressava
Não pensava que um dia
Ver o amor que se acabava
Foi em frente um Comitê
De um candidato a prefeito
De Divino Garcia Rosa
Que este amor foi desfeito
Mas tinha um amigo meu
Que por lá sempre passava
Ele já gostava dela
Mas ninguém imaginava
Quando agente terminou
Ele dela aproximou e com ela se casou.