Um desejo no Poente

No voo rasante e adejo da gaivota

Entre o vislumbre do meu pensamento

Na simplicidade daquele momento

Na imensidão do Mar, a minha rota

Incomensurável calma aparente

Se apodera de mim, e servilmente

Em minhas conjecturas, se denota

Esta visão persiste tão veemente

Tanta beleza, tanta se me afronta

Qual verso comedido ora desponta

Embalando meu sonho inerente.

Foram tantas vezes que voltei

Sempre ao mesmo lugar onde sonhei

Sentar-me á sombra de um verso coerente

Eis que um desejo débil, pertinente

Espargindo de leve um versejar

Delira levemente em meu olhar

Deixando-me postada docemente

O Ocaso, no horizonte debruava

Os reflexos de um poema, abraçava

Que o deu á luz o poeta, alegremente

No Arrebol onde o poeta delineava

Era tanta a beleza, o firmamento!

Quisera o poeta naquele momento

Parar a Terra tal qual desejava,

Fazer da guerra uma estática imagem

De neblina coberta, sem estiagem,

E de novo, o alvorecer ele pintava

Sonha o poeta...com olhar de fogo … reflexos do Ocaso...

Editadoem "Minha Prenda paa o Futuro"

Edição - 2010

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Cecília Rodrigues
Enviado por Cecília Rodrigues em 28/09/2011
Reeditado em 28/09/2011
Código do texto: T3245866
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