eu sou

eu sou

a voz embargada

que vem de dentro

do teu peito

o sufoco

a saudade

a solidão que sentes

em plena multidão

na confusão da cidade

no teu trajeto desfeito

eu sou

a exaustão dos teus pés

a vontade enorme de voltar

a agonia

o revés

a nostalgia imensa

que te invade

quando olhas perdida

o mar

eu sou

esse teu olhar

essa tua falta de chão

esse teu jeito de não

de não querer

de não poder

o teu desejo

de quem já teve

de quem já foi

sou as tuas manias

as mais estranhas

as artimanhas

as tentativas

a sensação do teu corpo

largado num canto

a deriva

depois de tudo

depois de tanto

sou o medo

os teus segredos

o teu pavor do abandono

a razão dos teus prantos

sou todos aqueles sonhos

que te escorrem lentos

pelos dedos

durante o sono

eu sou afinal

se qualquer outro não for

(se não houver outro dono)

o teu eterno e verdadeiro amor

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 28/09/2011
Reeditado em 28/09/2011
Código do texto: T3245336