LAMENTO DAS AGUAS
Vai corredeira,qual serpente sobre terra árida,
embebendo os campos secos da desesperança ...
Corre por vales solitários, pela serra triste.
buscando encontrar um mar d'agua mansa...
Cai em forma de enxurrada,na esperada dança,
toda agua deste mundo guardada pelo tempo,
em plena sêca que contorce galhos e à tudo alcança...
Percorre corações da gente aflita nas cidades,
do homem acostumado à poeira das estradas,
desafiando o impiedoso vento que sopra ao contrário,
trazendo a atávica sêde, suor e estiagem.
Percorre cada vago olhar, numa queda livre
como se fosse o brinquedo esperado de criança.
Corre agua doce,bailando nas encostas,
pelos pastos amarelados da fome secular,
amainando a quentura dos dias intermináveis
orvalhando plantas , afastando a alma do penar..
Meus olhos tambem lamentam e choram,
aplacando o mormaço das horas lentas.
E quando o tempo insistir em secar a vida,
destilarei lagrimas de cansaço das tormentas.
Choro pelo tempo perdido e sonho desfeito
nas dores da solidão que o coração arrebenta...
Meus olhos choram o que minh'a alma lamenta....
MARCIA TIGANI_SETEMBRO 2011