P E N S E M E M M I M . . .
Pensem em mim
como alguém que saboreava
poesia e pão no café da manha;
como alguém que ouvia Ângela
Maria e Nelson boemia ao dormir;
como quem se entregava a preguiça
nas canções em espanhol do Nat K. Cole!
Pensem em mim
como alguém que desenhava
poesia na virgem lauda branca;
como alguém que se sentia vivo
ao ouvir o canto dos passarinhos;
como alguém que se dava bem com
os velhos, jovens e com as criancinhas!
Pensem em mim
como alguém que não se dava
bem com o peso e coisas de alma;
como alguém que disfarçava bem
a timidez que pesava nos ombros;
como alguém que sabia esconder a
ternura sem fim que tinha no coração.
Pensem em mim
como alguém que flertava com
as estrelas, que falava com a lua;
como alguém que sentia a brisa de
cada manhã, que ansiava as chuvas;
que sabia bem a coragem de um olhar,
que sabia sempre a hora exata de se calar.
Pensem em mim
como alguém que lidava com
as letras, que buscava sempre
a palavra certa para a ocasião;
como alguém que tentava deixar
este mundo mais terno e colorido.
Como alguém que tentou o tempo
todo ser poeta de ofício e benefício!