Pardal

se houvesse um jeito

de não sujar minhas mãos

se o meu peito

não sofresse à toa

tanta vileza

em vão

se minha boca dissesse

– mil vezes –

o advérbio não

se eu morresse de amor,

dentre todos, quem pagaria

o meu caixão?

(se tivesse eu ao menos

[asas

sobrevoava – que nem

pardal –

pelas casas)

se não houvesse tanto senão

– e mais tesão –

este pardal, quiçá, voaria

além

dos tetos das casas

dos hospitais das igrejas

dos hospícios

sequer pisaria

no chão

cristovam melo
Enviado por cristovam melo em 24/09/2011
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