Invenção da Saudade

Amanheço,

Sou rocha sob a queda...

Sou um caminho na pastagem...

Sou um barco que acelera....

Anoiteço,

Sou rocha rolada...

Sou caminho pisado...

Sou um barco afundado...

Todas as águas passaram e eu fiquei

Todos os bichos pastaram e partiram

Todas as rochas me cercaram e afundei

Que importa?

é que no fundo ainda volto

De tudo é quanto modo

Lutarei relento após relento

Estio após estio

Cerração após cerração

Que importa?

É que deu uma flor na horta

Entre alfaces e pés de feijão

É a mais linda flor

Até meus olhos

Quedos naquela paisagem

Pensavam ser uma miragem

Bem que era minha saudade

Fazendo invenção...

Lopes Neto
Enviado por Lopes Neto em 24/09/2011
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