FRATURA EXPOSTA

Saudade de algo que nunca tive

Vontade de comer algo que nunca comi

De beber algo que nunca bebi

De estar onde nunca estive

De amar quem nunca amei

De odiar quem nunca odiei

De trabalhar onde nunca trabalhei

De morar onde nunca pensei morar

De pensar em coisas que nunca pensei em pensar

De eternizar tudo que parece banal

De chorar em meio a um bloco de carnaval

De percorrer um caminho nunca percorrido

De viajar para um lugar inóspito

De escalar um relevo não mapeado

De parar de ser esse ser ensimesmado.

Vontade de abraçar quem nunca abracei

De saber todas as coisas que não sei

De ter um ataque de riso em pleno velório

De ser pedante e não tão simplório

De ver o que nunca foi visto ou descrito

De escrever o que nunca foi escrito

De não ser esse ser tão proscrito.

Vontade de fumar o que não foi fumado

De morrer de overdose de uma droga não catalogada

De me perder numa trilha nunca antes trilhada

De me permitir o que nunca tinha concebido

De ouvir o inaudível...

De sentir o insensível...

De desenhar o indescritível...

De fazer algo que nunca fiz

De correr como nunca corri

E ser algo que nunca vou ser...

E de não ter escrito isso que você acabou de ler.

Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 23/09/2011
Código do texto: T3236845
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.