Bloody

Um par de botas pretas

Balança pendurado nos fios

Um Bem-te-vi pousa

No topo do poste

E chilreia, triste.

Um jato corta o céu

Azul, lindo, intenso

E os urubus volteiam

Cada vez maiores

E mais próximos.

Minha garganta secou

O ar é rarefeito

E a camisa empapa

Cada vez mais

Na altura do peito.

É avermelhando a sarjeta

Que expio meus pecados

Enquanto espio minha vida

Escorrendo pelo ralo.

23/09/2011 - 12h35

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 23/09/2011
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