SOMOS TODOS IGUAIS
Ando tão à flor da pele
que qualquer beijo de novela
me faz sonhar acordado com ninfas,
como diz no mote de Zeca Baleiro.
Ando tão à flor da pele
que o mais leve soprar de tênue brisa
me parece o tocar de mão de minha mãe
no meu rosto.
De súbito me vêm ódios mortais, mágoas abissais,
fúrias tenebrosas, porque ando tão à flor da pele.
O meu cérebro sensivelmente parece
uma tela de cinema,
um contínuo movimento de imagens, sons, cores, desesperos,
amores e paixões.
Ando tão à flor da pele
que meus parcos sentidos
multiplico por setenta vezes sete
porque ando tão à flor da pele.
Agora e hoje, desse dia que aos poucos vai
me consumindo numa espécie de combustão
Porque hoje ando tão à flor da pele
que pareço um navio à deriva
em tormentoso mar,
mas ando tão à flor da pele
que não tem como fugir nem fingir
porque somos todos iguais.