Ceguidão

Densa névoa se impõe ante a retina,

Qual dolente percorre o inane átrio

Outrora, havia cor e luz, havia vida...

Hoje soçobra em palidez todo o regalo,

Que bruma é essa que impele um vaguear,

Pela incerteza da torpente ceguidão?

Sombras disformes bailam por detrás do véu,

Mas já não ouço o alarido da canção.

Aquela flor a balouçar impunemente

Em peito sáfaro estertora devagar,

Pois não há luz, somente a dor que é pungente

Fera bravia qual o amor há de rilhar.

Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2011.

Well Calcagno
Enviado por Well Calcagno em 21/09/2011
Código do texto: T3232393
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