Jeito de caminhar

“Não tenho nada

E nada me falta”,

Disse a Cora.

Nem tudo, nem nada.

O meio do caminho,

O caminho do meio.

A ponte, a estrada.

Não há partida

Nem chegada,

Apenas o caminho,

O caminhar,

Ou tão-somente

O caminhante.

Não tem início,

Nem fim,

Só o tempo.

Por toda eternidade,

Tudo muda

A cada instante.

“Ser ou não ser”,

Não uma questão,

Uma declaração.

Só é completo

O que tem falha.

Só é perfeito

O que é irregular.

Só se encaixa

O que é parte,

Não todo.

Só é feliz

Quem tem e não tem,

E não tem e tem.

Por não ter tem

E quando tiver,

Não terá mais.

Quem sabe que é,

E sabe o que não é.

Como disse a Clarice:

“Nunca sofra

Por não ser uma coisa

Ou por sê-la.”

E o nosso amigo Thiago:

“Mais que o rumo,

O que importa

É o jeito de caminhar.”

(Catalão, 25/08/2011)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 21/09/2011
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