Valsa do precipício

Canto do fundo dos vales

os males da baixa estima

para que a rima, de mim se compadeça.

Sigo em três por quatro

enquanto trato de saber-me só.

Sigo em três por quatro

para que o compasso não seja de consolo e pó.

Canto do fundo do peito

os males de leito seco

para que o beco não seja o fim.

Sigo em três por quatro

pela foto livre do formato.

Sigo em três por quatro

para que seja clara de fato a revelação.

Canto do fundo do inferno

os males de Dante

para que levante as almas decaídas.

Sigo em três por quatro

enquanto armo a clave em bemóis.

Sigo em três por quatro

para o florescer dos girassóis.

Canto do fundo da garganta

os males estrangulados da voz

para que o silêncio atroz desapareça.

Sigo em três por quatro

enquanto beiro o precipício

Sigo em três por quatro

enquanto sigo, persigo o vício.

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 20/12/2006
Código do texto: T323189
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