Ode à manhã.

Quando o Sol raia

e os pássaros acordam arrepiando a penugem

quebrando o gelo das asas

que derretendo revelam suas cores.

Quando as primeiras gramas

se inflam pela manhã

desenrolando a pequena e verde coluna vertebral

para a luz das nuvens.

E os rios esquentam as margens de lama

que alimentarão os peixes fluorescentes.

O primeiro brilho dos lagos surge

e a luz que estala sobre a ondulação

corta os ares esquentando o frio que estás

nas pedras preenchidas do rico bronze

que rangem e cantam em lá a finda e fresca

madrugada.

E os animais abrem os olhos

interrompendo os sonhos de repouso

como uma persiana em creme bordada em fino linho

qual se abre e avista os cedros ainda duros pelo frio

As espumas dos líquens e fungos cantam como o coral

de pequenas bolhas no solo, como pequenos anjos de cabelos cacheados entoando ode à vida na cúpula clara.

E as raízes das árvores, como se espreguiçando

saboreassem a argila que jaz na imensidão da crosta entre dois rios

e nos frutos já mordidos

repousassem insetos e bichos tirando o sumo

de suas sementes.

Por fim,

quando no raiar da manhã

de suas pequenas notas lilases

a vida acorda ,qual música quente,

e anuncia a existência de calor

em tudo que é calor

semente, em tudo que é semente,

e VIDA

em tudo que é manhã.

Denis Acorinte
Enviado por Denis Acorinte em 20/09/2011
Código do texto: T3231286
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